Os últimos acontecimentos em torno da trajetória da taxa de
câmbio confirmam uma percepção já existente sobre a tendência de longo prazo de
desvalorização do real. O que ocorreu nos últimos dias parece ser apenas o começo.
Desde 2002, primeiro mandato do governo Lula, quando o Dólar
chegou a 4 Reais/dólar, a valorização de nossa moeda foi excepcionalmente
elevada e quase contínua, chegando em certos momentos a 1,55 Reais /dólar.
Nos últimos dias o dólar valorizou-se repentinamente, no
lastro do que parece ser um novo surto de crescimento econômico nos EUA,
voltando aos 2,15 Reais /dólar.
Apesar da rápida extinção do IOF, nem mesmo o governo
acredita que isso seja suficiente para reverter uma tendência tão forte como
essa.
Isto posto, uma trajetória mais agressiva para o dólar
torna o controle da inflação ainda mais difícil, pois tende a exigir um tempo
bem maior para sua superação e adequação da meta inflacionária.
Uma consequência direta de uma inflação mais apertada é que
2014 passa a ficar cada vez mais parecido com 2013.
A estagnação que já não é pequena hoje pode aumentar em
2014, introduzido novos elementos no quadro eleitoral.
Finalmente, uma recessão mais aguda nos próximos dois anos
poderia mudar o peso dentro do quadro político dos dividendos do bolsa família
e dos programas sociais, na direção da insatisfação com o desemprego e da queda
do nível de atividade.
Texto escrito por Mário Leal
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