segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A velocidade de queda dos juros primários no Brasil é a adequada?

O deslocamento do estado das artes em matéria financeira desde a crise financeira em 2008 para um nível de taxas de juros muito baixo, nunca antes visto, é notável. Nos EUA, na Europa e no Japão o traço comum tem sido o baixo nível de atividade acompanhado de taxas de juros muito baixas. Os emergentes, por sua vez, já enfrentam importantes surtos inflacionários, pois são as atuais locomotivas de crescimento planetário.

Os 6,5% de variação do IPCA registrado no Brasil em 2011 foram recebidos com alívio pelo governo brasileiro, já que ainda durante o ano foram registrados acumulados em 12 meses do IPCA superiores a 7,0%. A valorização do Dólar neste começo de ano e a consequente valorização do Real se, por um lado, é sinal alvissareiro de menores pressões inflacionárias, por outro já foi responsável por um déficit comercial mensal no mês de janeiro absolutamente inédito, que preocupa.

A prosseguir o atual ritmo de deterioração do ambiente externo na Europa, mesmo uma recuperação moderada dos níveis de atividade nos EUA, o carry trade em direção ao Brasil deve continuar. Diante disto, o Banco Central tende a promover reduções adicionais das taxas primárias de juros, limitadas naturalmente ao efeito líquido sobre a inflação decorrente da combinação resultante da deflação de origem externa e das pressões inflacionárias domésticas.

O consenso de que as taxas de juros primárias no Brasil são altas, e por isso devem cair mais, já está formado. O que não sabemos, e tampouco as autoridades monetárias, é a velocidade a imprimir. Tal qual em dias de chuva, reduzir a velocidade é natural, mas o que é mais difícil na gestão é acertar o timing da redução.

Se for mais rápido do que o adequado, a inflação de origem doméstica pode suplantar o componente de deflação de origem externa e interromper o ajuste bem sucedido até aqui, em direção aos 4,5% da meta inflacionária em 2012.

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